A revolução tecnológica que se consolida em todos os setores tem afetado a forma como nos relacionamos e, até mesmo, a nossa percepção do mundo. Na educação não é diferente. É difícil pensar no processo ensino-aprendizagem nos modelos tradicionais em que a maioria das pessoas foi educada, de aulas expositivas e com anotações em um quadro.
Nunca se discutiu tanto a educação do futuro como agora. Prova disso são os grandes eventos na área, que tem mobilizado multidões de pessoas do setor educacional[1]. Em recente pesquisa, a Person apontou que 83% dos brasileiros acreditam que dispositivos inteligentes e aplicativos serão usados para auxiliar alunos no futuro e 77% afirmam que a inteligência artificial terá um impacto positivo na educação. Globalmente, 76% das pessoas acreditam que mais estudantes universitários farão cursos online dentro dos próximos 10 anos. [2]
Mudança de cultura
Para quem atua na educação, o maior desafio do ensino a distância será, talvez, a transposição de um sistema que funcionou muito bem até agora, mas que encontra resistência diante das novas gerações, tão familiarizadas com a tecnologia.
“O novo modelo de educação vai exigir dos profissionais da área a capacidade de desaprender e reaprender o exercício da docência”
Há, portanto, uma grande questão para os docentes: como ensinar de um jeito que eu nunca aprendi? A resposta é: muito exercício, pois os professores de hoje terão que se reinventar, que criar novos processos de ensino-aprendizagem a partir de experiências que nunca vivenciaram, mas que, com o vasto arsenal tecnológico a disposição, poderão criar uma infinidade de opções que tornarão o ensino mais dinâmico e personalizado.
A mudança pode servir aos profissionais da área como um estímulo à capacidade empreendedora e oportunidade para deixar a zona de conforto e exercitar a criatividade.
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Transição
A introdução gradativa de instrumentos tecnológicos na dinâmica das aulas faz com que a mudança transcorra de forma mansa e pacífica, sem grandes rupturas. Com um pouco de criatividade, pode-se planejar uma disciplina com uma parte de aula expositiva, outra parte com práticas pedagógicas mediadas por tecnologias (sala de aula invertida, PBL, gamificação, realidade virtual etc.), e outra para realização de exercícios avaliativos, sendo parte dessas atividades realizadas de forma assíncrona e contabilizadas como EaD.
[1]Bett Show é a maior feira internacional de educação, ocorreu em Londres de 22 e 25 de janeiro, com a participação de 34 mil pessoas de 146 países. Entre 12 e 15 de maio de 2020, São Paulo recebe a edição brasileira da Bett com o tema: “Inspiração para transformar”.
[2] Pearson conduziu estudo em parceria com a Harris Insights & Analytics, com o objetivo de coletar opiniões de estudantes de todas as faixas etárias sobre assuntos como educação básica, ensino superior, carreira, futuro do trabalho e tecnologia. Mais de 11 mil pessoas com idades entre 16 e 70 anos em 19 países foram ouvidas, fazendo da Global Learner Survey a mais abrangente pesquisa de opinião de estudantes da história. Disponível: https://startupi.com.br/2020/02/educacao-podera-ser-self-service-diz-pearson/ Acesso em: 20/02/2020
* Por Andréa de Melo Vergani, advogada da área de Direito Educacional.